Orquídeas Garden

welcome

Não sabia como descrever o que pretendia com este blog. Contudo, com a simplicidade das suas palavras, alguém o conseguiu: «Ninguém é obrigado a partilhar sentimentos... pensamentos, emoções... chamar a atenção para a vida, para o que é importante ou não... nem tem de nos orientar, ou tentar mostrar-nos outras perspectivas da vida... Mas há quem fale de si e dos seus sentimentos... e das suas perspectivas da vida... Então aproveite quem quiser...»(O Último Padrinho)

O Abraço


Num qualquer momento durante a adolescência inicíamos "uma" procura. Esse momento depende da forma como cada um cresçe, ou se recusa a crescer, intelectualmente.
Recentemente, ao ser confrontada com a ânsia de viver de uma jovem adolescente, fui levada a reviver a minha adolescência.
Revi-me na sua ânsia de viver, nos seus actos impulsivos e compreendi-a. Ao compreendê-la, compreendi-me e talvez à maioria das pessoas.
É com a adolescência que vem a firme consciência de que precisamos ou desejamos ter alguém ao nosso lado. Não quero dizer que não se pense nisto antes, porque de facto pensamos. Contudo, é a partir da adolescência que "esta" procura assume maior importância. Não só porque o nosso corpo se está a transformar, como também porque começamos a dar importância e a prestar atenção a outro tipo de assuntos e questões.
O ínicio "desta" procura é levado a cabo sem definições com todas as possibilidades em aberto, porque ainda não existiu a primeira desilusão.
Com a chegada da primeira desilusão estabeleçem-se parâmetros e prossegue-se com "a" busca.
Começamos a viver a vida como se não existisse amanhã. Tornamo-nos impulssivos por natureza. Tornamo-nos irreverentes e procuramos impôr-nos perante a família, os amigos, a sociedade, o mundo. Sentimos que podemos tudo. Erramos. Aprendemos com os erros. Crescemos.
Amadurecemos.
Entretanto sofremos desilusões. Seguimos em frente. Aprendemos com a vida. Uns com mais facilidade que outros.
Mas, independentemente do que aconteça a busca continua.
Buscamos algo que na maioria das vezes não sabemos descrever. Buscamos algo abstracto.
Com o passar do tempo percebemos que existe amanhã e começamos a lutar por ele. Surgem-nos novas prioridades e deixamos de pensar ou de reconhecer "a" busca.
Ainda assim, mesmo inconscientemente "a" busca continua, ou então ficamos apenas à espera que a vida nos surpreenda.
Mas, que busca é esta? Que procuramos afinal?
Eu procuro o conforto intemporal da segurança de um abraço.
Não de um qualquer abraço, mas "daquele" abraço especial, dado por alguém especial e sentido não só no corpo como na alma. Eu espero "um" abraço que me faça sentir plena, completa.
Segundo Platão, «no início da criação, os homens e as mulheres não eram como são hoje; havia apenas um ser, baixo, com um corpo e um pescoço, mas a cabeça tinha duas faces, cada uma olhando numa direcção. Era como se as duas criaturas estivessem presas pelas costas, com dois sexos opostos, quatro pernas, quatro braços.
»Os deuses gregos, porém eram ciumentos, e viram que uma criatura que tinha quatro braços trabalhava mais, as duas faces opostas estavam sempre vigilantes e não podiam ser atacadas à traição, quatro pernas não exigiam tanto esforço para ficar de pé ou andar longos períodos. E, o que era mais perigoso, a tal criatura tinha dois sexos diferentes, não precisava de ninguém para continuar a reproduzir-se.
»Então, disse Zeus, o supremo senhor do Paraíso: "Tenho um plano para fazer com que estes mortais percam a sua força."
»E, com um raio, cortou a criatura em dois, criando o homem e a mulher. Isso aumentou muito a população do mundo, e ao mesmo tempo desorientou e enfraqueceu os que nele habitavam - porque agora tinham de procurar de novo a sua parte perdida, abraça-la novamente, e nesse abraço recuperar a força antiga, a capacidade de evitar a traição, a resistência para andar durante longos períodos e aguentar o trabalho cansativo.» (adaptado de "Onze Minutos", Paulo Coelho)

0 comments: